5.29.2007

Moçâmedes Namibe: Avenida da República, Rua da Praia do Bonfim e Rua Alves de Bastos












LAMENTO DE MENINO GRANDE

Sim, eu choro…
… choro por estar longe da minha Angola querida,
distante do meu saudoso chão.

… choro porque já não vejo o voar do “rabo-de-jun-
co”, nem a garotada jogar à bola no terreno do
subúrbio.

… choro porque já não vejo o azulinho do “papo-ce-
leste”, o vermelhão de uma queimada surgida ao
longe, nem o sol a esconder-se por de trás do Pon-
ta-do-Pau-do-Sul.


… choro porque já não vejo a imensidão das praias
do Chiloango e do Arimo, nem a grandeza do meu de-
serto de Moçâmedes.

… choro porque não descubro o fim de uma picada,
nem saboreio o pirão, o musonguê, a manga e a bu-
lunga.

… choro porque já não vejo o sorriso aberto do ne-
grinho humilde, nem sinto a amizade do mulato pim-
pão.
… choro porque já não vejo a elegância da gazela, a
curiosidade da “suricata”, nem a secura da lendária
Welwitschia mirabilis.

… choro porque já não vejo a beleza das garotas
praieiras, nem leio os poemas que elas inspiraram.

… choro porque já não vejo uma rebita bem puxada,
nem oiço o barulho de um batuque, nem gozo o calor
de uma fogueira numa anhara.

… choro porque já não passeio na marginal da minha
baía, nem percorro o caminho das palmeiras até às
furnas.

… choro porque já não vejo o Castelinho de S. Fernando,
nem sinto o silêncio de uma madrugada quente, nem
oiço as histórias do velho boiadeiro da lagoa.

… choro porque já não vejo o túmulo dos meus antepas-
sados e tudo que eles criaram.

… choro porque só vejo o luto em Angola, a traição
e o lamento.

Sim, eu choro…
… choro de saudade!

Fernando Moraes
(ex-bancário do ex-Banco de Angola)
.






Marcha do Centenário

I
Assim toda engalanada
Digo orgulhosa ao mar
Olha para mim
Como vou bela ao passar
II
Quero viver minha festa
Quero rir, quero folgar
O Mar imponente
Grita a toda a gente
Vai Moçâmedes a passar
III
Sou há um século nascida
Velhice inda não senti
Tive horas de glória
Enchi minha história
De rosas que então teci
IV
As minas lindas Miragens
Todos vão admirar
Sorrindo ao céu
Sinto o mundo meu
Quando ouço assim cantar

REFRÃO
Num areal doirado
Pelo sol beijado
Há já cem anos nasceu
Moçâmedes gentil
Bela e juvenil
Pertinho do mar cresceu Hoje, embandeirada
Princesa encantada
Do Namibe o seu senhor
Sente mar confiante
Dizer radiante
Ai que linda vais amor.

(autoria : Teresa Ressurreição, em 04 de Agosto de 1949)

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