5.29.2007

Moçâmedes, Namibe: Ruas dos Pescadores e Rua de S. João (ruas do Hotel Moçâmedes)






 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na minha terra
 
Naminha terra
a noite tem feitiço e lenda . . .
-
Tem a canção lânguida e fútil
das palavras
e do mar,
e a renda
inconsútil
do luar.
-
Tem fogueiras
e ritos
e gritos
nos batuques inquietos,
e feitiços
e amuletos
e lendas e canções
e pregões
castiços.
-
E tem o céu mais azul
e o Cruzeiro do Sul
a namorar a Lua . . .
Tem a beleza trágica
e nua
dos desertos com a mágica
das imagens
fátuas
das miragens,
e monólitos
talhados em perfis
febris,
convulsos e aflitos
de estátuas.
-
Tem a canção pagã
do galo da manhã
com o dia a nascer . . .
-
E tem a sombra do imbondeiro
sobre o capim rasteiro,
onde irei repousar . . .
dormir . . .talvez sonhar . . .
quando o quimbanda disser que vou morrer . . .
*
HELDER ARY DE FREITAS DUARTE DE ALMEIDA
" Cântico "
 
 



Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade
 
 
 

MOÇÂMEDES


Aos naturais de Moçâmedes

E aos moçamedenses de coração
Quero dedicar estes versos
Tributo da minha admiração.

“Labor Omnia Vincit”

Dizia a divisa no teu brazão
Muitas décadas se passaram
Mas ainda a recordo com emoção

A “Welwitshia Mirabilis”
Que bem recordo por certo,
Era planta ùnica no Mundo
Existindo apenas no teu deserto.

Na costa do Atlântico nasceste
E do Namibe eras princesa
Nem os ventos do deserto
Destruiram a tua beleza.

Oceano de àguas profundas
Cuja fauna estimulava os pescadores;
As àguas tentadoras da Praia Amélia
Seduziam os mergulhadores.

No fundo do mar entre as rochas
As àguas eram transparentes.
Até as plantas se curvavam
Para saudar os adolescentes.

A antiga Escola Comercial
Pequena mas cheia de tradições.
Ajudou centenas de jovens
Nos seus sonhos e aspirações.

Viam-se aos domingos na baía
Barcos de velas ao vento
Onde jovens à “bolina”
Mostravam o seu talento.

Os bairros novos iam crescendo
Desafiando o àrido deserto.
Imensurável esforço moçamedense
Orgulhoso mas de coração aberto.

Para os lados da Torre do Tombo
Construiu-se o cais acostável.
A habitual visita aos “Paquetes”
Era agora mais agradável.

Do outro lado da baia
Outro grande empreendimento
O porto mineiro do Giraul
Uma boa fonte de rendimento.

Os comboios vindos de Cassinga
Ali deixavam a carga preciosa;
A automatização daquele porto
Era uma obra muito valiosa.

A agricultura ia progredindo
Olivais e vinhedos cresciam.
Um mercado muito competitivo
Que os da Metrópole temiam.

Num remoto dia tive que partir
Sem ter voto nessa decisão;
Contudo sempre te mantive
Num canto do meu coração.

publicado por Tony de Aguiar
 
 
 



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