5.27.2007

Moçâmedes Namibe : Vivendas, bairros novos

 

  

Imbondeiro


Quando o imbondeiro floresce
tudo floresce em redor !
Na selva bichos fazem amor 
e os negros ,nos quimbos,
dançam batuque ao som do tambor!
E o eco repete a minha oração :
Dendela,dendela,promesa de amor !

Altivo,disforme,o triste imbondeiro,
Os braços erguidos,em jeito de prece,
a Deus oferece a sua dendela,
que terna,humilde,mimosa,singela,
exala suave perfume,virada pr'ó chão !

E a selva repete a minha oração,
dendela,dendela,promessa de amor !
E tu,com vergonha,de face corada,
virada para o chão !
Maria Emilia Silva Antunes  )  
(feitos no Impulo(Angola) em  1966)




Quando te PÁTRIA

A minha terra tinha ruas simétricas
Paralelas
Sombreadas por generosas oliveiras
E quintais onde as uvas cresciam
Milagrosas
A minha terra tinha jardins arborizados
De floridos canteiros
E longas avenidas orladas de palmeiras
A minha terra tinha praias deslumbrantes
Um pródigo mar
Um deserto miraculoso
Por onde as cabras-de-leque se exibiam
E as welwitschias se agarravam
E viviam
A minha terra tinha pródigas hortas
Incríveis pomares
Um rio de leito seco
De efémeros caudais
Na minha terra a chuva rareava
O cacimbo chovia
O vento leste abrasava
A minha terra era linda
Linda
Linda
Tinha a beleza que gerava orgulhos
Que paria saudades
A minha terra tinha tudo o que todas as terras tinham
Tinha luz
Tinha perfume
Tinha cor
Mas a minha terra tinha o que mais nenhuma tinha

A minha terra tinha o meu amor
disse
Que era da terra selvagem
Do vento azul
E das praias morenas...
Do arco-íris das mil cores
Do Sol com fruta madura
E das madrugadas serenas....

Das cubatas e musseques
Das palmeiras com dendém
Das picadas com poeira
Da mandioca e fuba também...

Das mangas e fruta pinha
Do vermelho do café
Dos maboques e tamarindos
Dos cocos, do ai u'ééé...

Das praças no chão estendidas
Com missangas de mil cores
Os panos do Congo e os kimonos
Os aromas, os odores...

Dos chinelos no chão quente
Do andar descontraído
Da cerveja ao fim da tarde
Com o Sol adormecido...

Dos merenges e do batuque
Dos muquixes e dos mupungos
Dos imbondeiros e das gajajas
Da macanha e dos maiungos.

Da cana doce e do mamão
Da papaia e do caju...

Tu sorriste e sussurraste
"Sou da mesma terra que tu!"

Poema de Ana Paula Lavado

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