Deixem que vos mostre a minha terra,
na sua imensidão, na sua grandeza,
na espectacularidade impar da beleza
da vida sã e primitiva que ela encerra...
na sua imensidão, na sua grandeza,
na espectacularidade impar da beleza
da vida sã e primitiva que ela encerra...
Vejam como é belo ali viver,
naquele meio puro e selvagem,
na maravilha daquela paisagem
naquele meio puro e selvagem,
na maravilha daquela paisagem
razão do meu orgulho de lá nascer...
Poema de Neco Mangericão
( moçamedense, bisneto de colonos fundadores vindos do Brasil em 1849-50)
NAMIBE
Por tê-lo assim tão perto
A areia deste deserto
Enamorou-se do mar
E viver ardente, corada
Por se sentir desejada
Desejada, sem se dar
A areia deste deserto
Enamorou-se do mar
E viver ardente, corada
Por se sentir desejada
Desejada, sem se dar
Angola 1968. Concha Pinhão ( in"Sabor Amargo")
Hino a Mossamedes
(canto)
Filha sou dos céus da Europa
Na Lusa terra eu nasci:
Por mãos amigas colhida,
Fui depois plantada aqui.
(Coro)
E, inda nesta zona ardente,
Onde é fogo a terra e o céu
A pobre flor de outros climas
Seu viço a cor não perdeu
Ao triste que, nestas plagas
Chora o lar e os céus d'além...
- Se o lacera a febre ardente.
Vida aqui pedir-me, vem.
É que o perfume saudável.
Que em meus pátrios céus bebi,
Em lindos vales da Europa,
Transforma os erros daqui.
O meu hálito fagueiro
Leva, com grato frescor
À alma -esperança e sorrisos,
Ao corpo - alento e vigor.
Assim, pois, da Europa filha,
Inda aqui sob estes céus.
Flori, cresce e frutifica
A flor bendita de Deus!
ass) Furtado d' Antas
(canto)
Filha sou dos céus da Europa
Na Lusa terra eu nasci:
Por mãos amigas colhida,
Fui depois plantada aqui.
(Coro)
E, inda nesta zona ardente,
Onde é fogo a terra e o céu
A pobre flor de outros climas
Seu viço a cor não perdeu
Ao triste que, nestas plagas
Chora o lar e os céus d'além...
- Se o lacera a febre ardente.
Vida aqui pedir-me, vem.
É que o perfume saudável.
Que em meus pátrios céus bebi,
Em lindos vales da Europa,
Transforma os erros daqui.
O meu hálito fagueiro
Leva, com grato frescor
À alma -esperança e sorrisos,
Ao corpo - alento e vigor.
Assim, pois, da Europa filha,
Inda aqui sob estes céus.
Flori, cresce e frutifica
A flor bendita de Deus!
ass) Furtado d' Antas
(Impresso no n. 56 da colecção de 1884, do Jornal de Mossamedes, referente a 4 de Agosto daquele ano.)
CERTEZAS
Vejo as nuvens do céu
os sonhos da minha infância
claridades azuladas
na infinita distância.
Vejo no céu estas nuvens
Brancas, negras, azuladas
que se esfuman num momento
e deformam sem cessar.
Os sonhos da minha infância
Mortos no céu para sempre?
Na infinita distância
Os vazios transparentes.
Azuis, roxos, encarnados
que se turvam num instante
e deformam sem cessar.
Claridades azuladas
Vivas no céu
desde sempre.
Tenho os pés postos no chão
e firmados com vigor
Nos sonhos da minha infância.
Não são sonhos são certezas
que só encontro na Terra!
Claridades azuladas
de transparente constância.
Não estou parado no tempo
Não tenho os olhos fechados!
Na infinita distância
Claridades azuladas
Não são sonhos são certezas
Que só encontro na Terra.
[António Aniceto Monteiro, exilado político, Matemático, filho de Moçâmedes, 1959]
"Adeus! Até nunca mais!…"
Da secular fonte desnudei um adeus
imenso, e a tarde perfumou-me
os cabelos com um cheiro adocicado,
o aroma peganhento do manhéu
a subir pelas narinas
bloqueadas de silêncio…
Em Outubro separei-me de mim
com os lábios emudecidos num adeus
que a memória gravou a fogo.
Não vale a pena ignorar as palavras
acesas de um lume vivo:
“Adeus! Até nunca mais!…
(Murilaonde, 1990)