5.29.2007

Moçâmedes, Namibe: Avenida da República / Rua da Praia do Bonfim



 
BUNGAVÍLIAS EM FLOR

Rasgam o sol as buganvílias em flor
roxas lilases vermelhas num beijo...
E tu és um vento, brisa branda,
anunciando a Primavera
onírica que não havia
no saguão iluminado,
dias da minha juventude.

És uma pequena garroa
teimosa mas doce soprando
tua alma de Namibe também;
és a calema forte e audaz
na força do mar que te vem do sul
lutador e forte sobre a praia
da arte xávega que te vem d’Ovar.

No teu nome bailam as pérgolas
roxa-lilás e vida-carmim
das buganvílias a derramar
inebriantes garridas cabeleiras
pela varanda acesa ao sol
do sapalalo velho da minha infância.

Talvez não saibas... mas tu és
a buganvília mística em flor
a brotar dentro de mim num grito
algures perdido na terra quente
onde eu nasci coração-welwitschia
para, ao luar da diáspora, ser ulungo
a vijar no mistério platina deste bailado
que é a vida e ser, orgulhoso, teu pai
e tu, minha eterna buganvília rendada,
a desabrochar beleza acetinada na prata
enluarada do teu solário sorriso.

(Namibiano Ferreira)

(Sapalalo – casa de madeira
Arte xávega – técnica artesanal de pesca na costa portuguesa, entre Espinho e Mira. Ovar, fica pelo meio e é a terra da esposa do poeta. 
Ulungo – canoa).






ISTO É MOÇÂMEDES

Há cheiro a maresia
Aves a cantar
Hortas verdejantes
Dão triunfantes
o braço ao mar

Refrão
Branca areia a brilhar
Isto é Moçâmedes
Espuma do verde mar
Isto é Moçâmedes

Um deserto escaldante
Isto é Moçâmedes
Um céu limpo sem par
Isto é Moçâmedes
Mil seguros no ar

Isto é Moçâmedes
Traineiras apitando
Lá vais pescador
E o sol espreitando
Está te enviando
Um beijo de amor.

Teresa Ressurreição

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