5.30.2007


FOTOS E POEMAS...



MOÇÂMEDES
NAMIBE
 
Deixem que vos mostre a minha terra,
na sua imensidão, na sua grandeza,
na espectacularidade impar da beleza
da vida sã e primitiva que ela encerra... 
Vejam como é belo ali viver,
naquele meio puro e selvagem,
na maravilha daquela paisagem  
razão do meu orgulho de lá nascer...

Poema de Neco Mangericão 

( moçamedense,  bisneto de colonos fundadores vindos do Brasil em 1849-50)


 

 

NAMIBE

 
Por tê-lo assim tão perto
A areia deste deserto
Enamorou-se do mar
E viver ardente, corada
Por se sentir desejada
Desejada, sem se dar

  Angola 1968. Concha Pinhão ( in"Sabor Amargo")
 




Hino a Mossamedes
(canto)

Filha sou dos céus da Europa

Na Lusa terra eu nasci:
Por mãos amigas colhida,
Fui depois plantada aqui.

(Coro)

E, inda nesta zona ardente,
Onde é fogo a terra e o céu
A pobre flor de outros climas
Seu viço a cor não perdeu

Ao triste que, nestas plagas

Chora o lar e os céus d'além...
- Se o lacera a febre ardente.
Vida aqui pedir-me, vem.

É que o perfume saudável.

Que em meus pátrios céus bebi,
Em lindos vales da Europa,
Transforma os erros daqui.

O meu hálito fagueiro

Leva, com grato frescor
À alma -esperança e sorrisos,
Ao corpo - alento e vigor.

Assim, pois, da Europa filha,

Inda aqui sob estes céus.
Flori, cresce e frutifica
A flor bendita de Deus!

ass) Furtado d' Antas

(Impresso no n. 56 da colecção de 1884, do Jornal de Mossamedes, referente a 4 de Agosto daquele ano.)


CERTEZAS

Vejo as nuvens do céu
os sonhos da minha infância
claridades azuladas
na infinita distância.

Vejo no céu estas nuvens
Brancas, negras, azuladas
que se esfuman num momento
e deformam sem cessar.

Os sonhos da minha infância
Mortos no céu para sempre?

Na infinita distância
Os vazios transparentes.
Azuis, roxos, encarnados
que se turvam num instante
e deformam sem cessar.

Claridades azuladas
Vivas no céu
desde sempre.

Tenho os pés postos no chão
e firmados com vigor
Nos sonhos da minha infância.
Não são sonhos são certezas
que só encontro na Terra!

Claridades azuladas
de transparente constância.
Não estou parado no tempo
Não tenho os olhos fechados!
Na infinita distância

Claridades azuladas
Não são sonhos são certezas
Que só encontro na Terra.

[António Aniceto Monteiro
exilado político, Matemático, filho de Moçâmedes, 1959]



"Adeus! Até nunca mais!…"


Da secular fonte desnudei um adeus
imenso, e a tarde perfumou-me
os cabelos com um cheiro adocicado,
o aroma peganhento do manhéu
a subir pelas narinas
bloqueadas de silêncio…

Em Outubro separei-me de mim
com os lábios emudecidos num adeus
que a memória gravou a fogo.
Não vale a pena ignorar as palavras
acesas de um lume vivo:

“Adeus! Até nunca mais!…

(Murilaonde, 1990)


4 comentários:

  1. Olá MarianJardim.
    Muitos parabéns por este magnífico blog da nossa querida terra do Namibe, onde nasci, cresci e corri descalço.
    Só agora tive conhecimento do seu blog, enviado por um amigo meu Jaime Inácio e fiquei radiante com estas fotos maravilhosas que me levaram novamente até lá.
    Um grande abraço,
    Carlos Botto

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  2. Muito Obrigado a ambos. Irei consultar o seu blog, José de Sousa.
    Saudações
    MariaN

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  3. Já passou bastante tempo desde então, não obstante, se porventura ainda está ativo este blogue, gostaria de saber se o Hino a Mossamedes está musicado e quem é o autor da música. Isto porque tenho na minha posse uma carta datada de novembro de 1950, através da qual o Pe. J .Luís de Almeida pede ao meu tio que lhe componha uma música para esta "Marcha de Moçamedes", por ele assim designada.
    Muito obrigado

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    1. ass) Furtado d' Antas
      (Impresso no n. 56 da colecção de 1884, do Jornal de Mossamedes, referente a 4 de Agosto daquele ano.)

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