5.28.2007

Moçâmedes, Namibe: Bairro atrás do Liceu e zona do Liceu de Moçâmedes, Angola.












 

 










MOÇÂMEDES


Aos naturais de Moçâmedes 
E aos moçamedenses de coração 
Quero dedicar estes versos 
Tributo da minha admiração.

“Labor Omnia Vincit” 
Dizia a divisa no teu brazão 
Muitas décadas se passaram  
Mas ainda a recordo com emoção

A “Welwitshia Mirabilis” 
Que bem recordo por certo, 
Era planta ùnica no Mundo  
Existindo apenas no teu deserto. 
Na costa do Atlântico nasceste 
E do Namibe eras princesa 
Nem os ventos do deserto 
Destruiram a tua beleza.
Oceano de àguas profundas 
Cuja fauna estimulava os pescadores; 
As àguas tentadoras da Praia Amélia 
Seduziam os mergulhadores. 
No fundo do mar entre as rochas 
As àguas eram transparentes. 
Até as plantas se curvavam 
Para saudar os adolescentes.

A antiga Escola Comercial 
Pequena mas cheia de tradições. 
Ajudou centenas de jovens 
Nos seus sonhos e aspirações. 
Viam-se aos domingos na baía 
Barcos de velas ao vento 
Onde jovens à “bolina” 
Mostravam o seu talento. 
Os bairros novos iam crescendo 
Desafiando o àrido deserto.
Imensurável esforço moçamedense 
Orgulhoso mas de coração aberto.

Para os lados da Torre do Tombo 
Construiu-se o cais acostável. 
A habitual visita aos “Paquetes” 
Era agora mais agradável.

Do outro lado da baia 
Outro grande empreendimento 
O porto mineiro do Giraul 
Uma boa fonte de rendimento.

Os comboios vindos de Cassinga 
Ali deixavam a carga preciosa; 
A automatização daquele porto 
Era uma obra muito valiosa.

A agricultura ia progredindo 
Olivais e vinhedos cresciam. 
Um mercado muito competitivo 
Que os da Metrópole temiam.

Num remoto dia tive que partir 
Sem ter voto nessa decisão; 
Contudo sempre te mantive 
Num canto do meu coração.

Poemas: moçâmedes
publicado por Tony de Aguiar



 












Não existe mais
a casa onde nasci
nem meu Pai
nem a mulembeira
da primeira sombra.
Não existe o pátio
o forno a lenha
nem os vasos e a casota do leão.
Nada existe
nem sequer ruínas
entulho de adobes de telhas
calcinadas.
Alguém varreu a fogo
a minha infância
e na fogueira arderam todos os ancestres
.
 Costa Andrade
angolano

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