5.25.2007

Moçâmedes Namibe: Rua transversal desde a Rua Calheiros à Rua da Praia do Bonfim:








 
À MINHA TERRA !


(No momento de avistá-la depois de uma viagem.)



De leite o mar - lá desponta
Entre as vagas susurrando
A terra em que scismando
Vejo ao longe branquejar!
É baça e proeminente,
Tem d'Africa o sol ardente,
Que sobre a areia fervente
Vem-me a mente acalentar.

Debaixo do fogo intenso,
Onde só brilha formosa,
Sinto n'alma fervorosa
O desejo de a abraçar:

É a minha terra querida.
Toda d'alma, - toda - vida, -
Qu'entre gozos foi fruida
Sem temores, nem pesar.

Bem vinda sejas ó terra,
Minha terra primorosa,
Despe as galas - que vaidosa
Ante mim queres mostrar:

Mesmo simples teus fulgores,
Os teus montes tem primores,
Que às vezes falam de amores
A quem os sabe adorar!

Navega pois, meu madeiro
Nestas aguas d'esmeraldas,
Vai junto do monte ás faldas
Nessas praias a brilhar!
 
Vae mirar a natureza,
Da minha terra a belleza,
Que é singella, e sem fereza
Nesses plainos d'alem-mar!

De leite o mar, - eis desponta
Lá na extrema do horizonte,
Entre as vagas - alto monte
Da minha terra natal;

É pobre, - mas tão formosa
Em alcantis primorosa,
Quando brilha radiosa,
No mundo não tem igual!


JOSÉ DA SILVA MAIA FERREIRA

(1827-1881)

Página publicada em setembro de 2008

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